
Fernanda Falcão
O preço que a gente paga não pode ser escondido, está no nosso corpo. É o preço que é visto nas ruas, com os olhares, nas relações quando não nos querem e no mercado de trabalho, quando olham primeiro nossa identidade de gênero, no lugar de nossa qualificação.
Fernanda Falcão é uma mulher trans defensora de direitos humanos, com uma grande trajetória de atuação com a população LGBTIQ+, transexuais, trabalhadoras sexuais em situação de vulnerabilidade e a população carcerária. Ela desenvolve ações de combate ao tráfico de pessoas e prevenção doenças sexualmente transmissíveis.
Fernanda é enfermeira e integrou distintos espaços, entre eles o Núcleo LGBT da Secretaria de Desenvolvimento Social de Recife e a coordenadoria estadual de políticas afirmativas para travestis, transexuais e bissexuais, sendo fundamental para a elaboração e aprimoramento de políticas públicas voltadas à populações vulneráveis.
Além disso, ela foi coordenadora financeira da Amotrans e uma das articuladoras políticas do RNTTHP ( Rede Nacional de Travestis e Transsexuais e Homens Trans vivendo e convivendo com HIV e AIDS) e do GTP+ (Grupo de Trabalhos em Prevenção Posithivo), primeira ONG do nordeste a cuidar de pessoas vivendo com o HIV. Ela atua em 23 presídios da região metropolitana de Recife orientando os detentos sobre tuberculose e foi uma das responsáveis pela criação do primeiro pavilhão específico para presos LGBTIQ+, que são os maiores alvos de tortura e violências em estabelecimentos prisionais.
Por conta de seu trabalho em defesa dos direitos LGBTIQ+, das trabalhadoras sexuais e da população carcerária, Fernanda é alvo de contantes ameaças, ataques e intimidações. Ela sobreviveu a duas tentativas de assassinato, nos anos de 2017 e 2021.
A história de vida da Fernanda é um dos retratos da realidade da população trans no Brasil, o país com o maior número de assassinatos de pessoas trans no mundo. Segundo levantamento feito pela ANTRA – Associação Nacional de Travestis e Transsexuais. Somente no ano de 2020, 175 transsexuais, travestis, transgêneros foram assassinadas no Brasil1, o numero é o dobro do segundo colocado no ranking.