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31 Maio 2024

Proeminentes defensores/as de direitos humanos dos cinco continentes recebem o Prêmio Front Line Defenders em Dublin

Eles/as são de Chipre, Honduras, Moçambique, Paquistão e Palestina

A Front Line Defenders anunciou os/as cinco vencedores/as da sua principal premiação, o Prêmio para Defensores/as de Direitos Humanos em Risco de 2024, numa cerimônia especial nesta manhã em Dublin.Os/As premiados/as de cada uma das principais regiões do mundo viajaram à Irlanda para aceitar o Prêmio, incluindo:

África: Gamito dos Santos Carlos da AJOPAZ, a Associação de Jovens pela Paz (Moçambique)

Américas: O coletivo de mulheres trans Muñecas de Arcoíris (Honduras), representado por Jennifer Bexara Córdova

Ásia e Pacífico: Sammi Deen Baloch da Voz para as Pessoas Desaparecidas de Baloch (Voice for Baloch Missing Persons) (Baluchistão, Paquistão)

Europa e Ásia Central: Doros Polykarpou da KISA (Chipre)

Oriente Médio e Norte da África: Não Somos Números (We Are Not Numbers) (Gaza, Palestina), representado por Ahmed Alnaouq

“Em vista dos imensos desafios que enfrentamos e das forças adversas que atacam os direitos humanos em muitas partes do mundo, pode parecer tentador perder a esperança de que é possível um mundo melhor”, disse Alan Glasgow, Diretor Executivo da Front Line Defenders.

“Porém, estes/as corajosos/as defensores/as de direitos humanos desafiaram essa tentação, servindo como inspiração para manter viva a esperança. Eles/as dizem ‘não’ às agressões e ‘sim‘ ao otimismo – eles/as sabem que vale a pena lutar por um mundo mais justo, mais igualitário e com mais respeito aos direitos.

“Tem sido um privilégio conhecer e passar tempo com eles/as em Dublin esta semana. Esperamos que retornem aos seus países de origem – Chipre, Honduras, Moçambique, Paquistão e Palestina – cientes de que a Front Line Defenders se solidariza com eles/as em suas respectivas lutas.”

O Prêmio Anual Front Line Defenders para Defensores/as de Direitos Humanos em Risco foi criado em 2005 para homenagear o trabalho de defensores/as de direitos humanos que, com muita coragem, contribuem notavelmente para a promoção e proteção dos direitos humanos de outras pessoas, muitas vezes com grande risco pessoal para si mesmos/as.

O Prêmio concentra a atenção internacional nos trabalhos e nas lutas de defensores/as de direitos humanos, oferecendo-lhes uma plataforma nacional e internacional para debater e promover as questões de direitos humanos que defendem. Os/As premiados/as deste ano foram selecionados/as entre dezenas de candidaturas apresentadas através de um processo seguro de nomeação pública, que foi realizado entre novembro de 2023 e janeiro de 2024.

Além de um prêmio em dinheiro e uma subvenção de proteção, os/as vencedores/as recebem apoio da Front Line Defenders sobre segurança digital e física, advocacy, visibilidade, bem-estar, entre outros.

Os/As premiados/as receberam o Prêmio numa cerimônia no Trinity College Dublin, que contou com a presença de diplomatas estrangeiros e representantes do governo irlandês, da sociedade civil e de organizações de mídia, entre outros. Parlamentares irlandeses que foram patronos/as do Prêmio incluem: Senadora Róisín Garvey, Charlie Flanagan TD, Cormac Devlin TD, Ivana Bacik TD e Sean Crowe TD.

Os/As vencedores/as do Prêmio Front Line Defenders de 2024

ÁFRICA – Moçambique

Gamito dos Santos Carlos, um defensor de direitos humanos de Nampula, norte de Moçambique, é o diretor executivo da AJOPAZ, a Associação de Jovens pela Paz. O seu trabalho com direitos humanos tem como foco os direitos sociais, civis e políticos e a responsabilização. Gamito tem defendido a proteção de ativistas de direitos humanos e, junto com a juventude, vêm lutando por mudanças sociais significativas em sua comunidade, a fim de promover a justiça e a tomada de decisões sustentáveis por parte das autoridades. É também membro da Associação Amigos de Amurane por um Moçambique Melhor - KÓXUKHURO, e analista e Coordenador Provincial da Rede Moçambicana de Defensores/as de Direitos Humanos (RMDDH). Ele continuamente enfrenta intimidações por seu trabalho com os direitos humanos, incluindo repetidas invasões em sua casa e a perda de seu emprego, sendo que em março de 2023 foi sequestrado e torturado após organizar uma manifestação.

AMÉRICAS - Honduras

Muñecas de Arcoíris é um coletivo fundado em 2008 por mulheres trans das cidades de Tegucigalpa e Comayagüela, em Honduras. Muñecas trabalha juntamente com a Associação LGTBI+ Arcoíris de Honduras com o objetivo de criar um espaço seguro para mulheres trans trabalhadoras do sexo. As integrantes das Muñecas começaram como voluntárias da Associação Arcoíris, onde se conscientizaram da situação enfrentada por pessoas trans em Honduras. Com o apoio da Associação Arcoíris, as integrantes das Muñecas receberam treinamentos sobre seus direitos como pessoas LGTBI+. Em seguida, começaram a documentar as violações de direitos humanos especificamente contra as mulheres trans em 2006 e, dois anos depois, em 31 de outubro de 2008, o coletivo foi formalmente criado como uma organização de mulheres trans. A maioria de suas integrantes são trabalhadoras do sexo, trabalhadoras informais, estilistas, empregadas domésticas, dentre outros trabalhos.

ÁSIA E PACÍFICO – Paquistão

Sammi Deen Baloch é uma defensora de direitos humanos de Mashkai, distrito de Awaran, da província de Baluchistão no Paquistão. Ela é a Secretária Geral da Voz para as Pessoas Desaparecidas de Baloch (VBMP), uma organização não governamental que representa e apoia as vítimas e parentes de desaparecimentos forçados no Baluchistão. Em junho de 2009, aos 10 anos, o pai de Sammi, o Dr. Deen Mohammed Baloch, foi vítima de desaparecimento forçado em Khuzdar, Baluchistão. Ela começou a fazer uma campanha implacável pela libertação de seu pai, o que a levou a se envolver com a luta coletiva contra os desaparecimentos forçados no Baluchistão por parte do Estado.

EUROPA E ÁSIA CENTRAL – Chipre

Doros Polykarpou é um eminente defensor de direitos humanos e membro fundador do KISA (Movimento pela Igualdade, Apoio e Antirracismo). Ele é especialista em questões de migração, asilo, discriminação, racismo e tráfico no Chipre. Por mais de 27 anos, ele vem se dedicando à defesa e promoção dos direitos das pessoas migrantes e refugiadas, bem como ao combate à discriminação e à xenofobia no Chipre, inserido no peculiar contexto sócio-político da pequena nação insular com forte conservadorismo. Isso expôs tanto ele como a organização a reações violentas e, no início deste ano, o escritório da KISA foi alvo de um ataque a bomba.

ORIENTE E NORTE DA ÁFRICA – Gaza, Palestina

Não Somos Números (We Are Not Numbers - WANN) é um projeto palestino sem fins lucrativos liderado por jovens, que foi estabelecido na Faixa de Gaza em 2014 com o objetivo de contar as histórias do cotidiano de milhares de palestinos/as. Sua visão é disseminar vozes e narrativas palestinas, com base no respeito aos direitos humanos por meio do trabalho pacífico e não violento de jovens líderes palestinos/as. Quando o cofundador Ahmed Alnaouq perdeu o seu irmão de 23 anos, Ayman, durante um ataque militar de Israel contra a Palestina no verão de 2014, ficou devastado e mergulhou em uma profunda depressão da qual pensou que nunca sairia. Durante esse tempo, ele conheceu a jornalista estadunidense Pam Bailey, que o incentivou a celebrar o legado de seu irmão escrevendo uma história sobre ele. Como muitos/as jovens em Gaza, Ahmed estava se formando em literatura inglesa para melhorar suas habilidades linguísticas. Pam publicou a história em um site de notícias do Ocidente, cujo sucesso foi além das expectativas. Ahmed e Pam perceberam que escrever a história tinha sido terapêutico para ele, e que isso poderia ser feito em uma plataforma muito maior.

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NOTAS A EDITORES/AS:

A Front Line Defenders é uma organização internacional de direitos humanos fundada em Dublin em 2001, com o objetivo específico de proteger defensores/as de direitos humanos em risco (DDHs). Para obter mais informações sobre os riscos enfrentados por defensores/as de direitos humanos, consulte a Análise Global da Front Line Defenders 2023/24 publicada na semana passada – é o panorama feito pela organização detalhando as violações enfrentadas por defensores/as de direitos humanos em todo o mundo.

A Cerimônia de Premiação em Dublin é estritamente apenas para convidados/as, e será transmitida ao vivo no canal do YouTube da Front Line Defenders às 08:30 IST na sexta-feira, 31 de maio.

Para mais informações, para marcar uma entrevista ou para receber um livreto de fotos com mais informações sobre os/as premiados/as, entre em contato com:
Conor Fortune: cfortune@frontlinedefenders.org ou +353 (0)85 802 0895